Tempestade

Meteorologistas explicam o fenômeno que atingiu a Região Central

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de Porto Alegre, é preciso uma análise mais detalhada de imagens de satélite e de radares para concluir exatamente o que aconteceu na madrugada desta quinta-feira no Rio Grande do Sul.

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Em princípio, segundo o meteorologista Rogério Rezende, do Inmet, foi uma tempestade causada por um fenômeno chamado de supercélula, que reuniu vento intenso, chuva e granizo que atingiram diferentes cidades do Rio Grande do Sul com níveis de intensidade diversos. Na Região Central, as rajadas passaram dos 100km/h em Tupanciretã. Em Santa Maria, o registro na estação de medição do Inmet, que fica no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi de 94km/h.

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Ainda conforme o meteorologista, a supercélula é uma grande nuvem, ou um conjunto delas, de desenvolvimento vertical, ou seja, com uma base muito próxima do solo e um topo muito alto, que pode chegar de 12 até 15 quilômetros de altura.

– Dentro delas, há formação de granizo, ventos verticais e transversais, com ar subindo e descendo, carregando com ele água e gelo. Enfim, é uma grande usina de energia. Esse acúmulo de energia tem de ser liberado de alguma forma. E a forma, em geral, são rajadas de vento, granizo e pancadas de chuva muito fortes – explica Rezende.

Foto: Lucas Amorelli / New Co DSM

A supercélula é causada pelo contraste térmico. Ocorreu com o encontro de uma massa de ar quente, com temperaturas em torno de 35°C, em alguns locais, com a chegada de uma massa de ar bem mais frio, de cerca de 20°C. Ou seja, é um fenômeno típico dessa época do ano, a Primavera, justamente, pela diferenças de temperatura no período.

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Os efeitos desse fenômeno são sentidos nos lugares pelos quais há o deslocamento dessa grande nuvem ou conjunto de nuvens. É mais comum que elas entrem pela Fronteira Oeste e cruzem o Estado aos poucos numa diagonal. Com a discipação de energia, perdem força ao longo da trajetória.  Mas podem voltar a adquirir intensidade ao encontrar de novo ar muito quente.

11 cidades da região central foram afetadas

Os relatos de quem acordou de madrugada com a tempestade, descreveram cerca de dois minutos de ventania, outra característica do fenômeno, diz Rezende.

_Há uma queda muito brusca da pressão, quando há essa formação, e isso faz com que o ar se movimente de forma muito rápida.

A explicação sobre o fenômeno que atingiu a Região Central é corroborada pelo meteorologista Gustavo Verardo, formado na UFSM. Segundo Verardo, em uma análise preliminar pode-se dizer que a liberação de energia da supercélula teria sido em forma de uma micro-explosão. 

 _ Pela dimensão, pode ter sido uma micro-explosão, um vento que sai da base da nuvem reto para o chão, destruindo tudo que encontra pelo caminho _ disse Verardo. 

Vale lembrar que a medição oficial, do Inmet, registra a velocidade do vento apenas no ponto em que está instalada, no caso de Santa Maria, no Bairro Camobi. Com base nessa tese sobre o fenômeno e nos estragos registrados nos diferentes pontos de Santa Maria, é possível concluir, conforme Verardo, que no Centro e em alguns bairros da cidade onde os danos foram maiores, as rajadas tenham alcançado cerca de 120km/h.

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